Ações, imóveis ou renda fixa? Onde devo investir?

Ações, imóveis ou renda fixa? Onde devo investir?

Jan | 2017 – Enquanto se pode surfar nas ondas da maior taxa de juros reais do mundo, decidir onde investir é relativamente fácil. Várias opções, como o tesouro direto, garantem ganhos extraordinários acima da inflação. Hoje, com a tendência da queda da Selic, os títulos pré-fixados ganharam destaque para aqueles que apostam num cenário mais estável à frente. Mas o dilema não se resume ao tipo de título a se investir. Quando se pensa em estratégia patrimonial, pensar no futuro mais distante é fundamental. Para isso é importante diversificar e escolher as opções que geralmente oferecem os melhores resultados no longo prazo.

Ainda estamos praticando a maior taxa real de juros do mundo, 6,98% a.a. (descontadas as projeções médias de inflação futura) veja o gráfico.

Gráfico juros reais no Brasil e no mundo.

Fonte: Banco Central do Brasil | Sicoob Secovicred MG

Com uma oferta dessa, tenderíamos a pensar somente em renda fixa. No entanto, essa foi a realidade do Brasil há mais de duas décadas… O que cabe considerar é se a estratégia do passado se repetirá no futuro.

Para isso, veja o retrospecto de alguns investimentos nas últimas duas décadas. Quem investiu no índice Bovespa entre outubro de 1998 e 04 de janeiro de 2017, teve um retorno de 846,47% ou uma taxa efetiva ao mês de 1,02%. Quem optou por investir em algumas estrelas tradicionais da bolsa, conseguiu os seguintes resultados:

Petrobrás PN – PTR4  Vale PNA – VALE5 Itaú PN – ITUB4
Valor em 14/10/1998: 1.42
Valor em 04/01/2017: 15,53
Período: 6.657 dias
Valorização: 993,66%
Taxa efetiva ao mês: 1,08%
CDI período: 1.118,35%
CDI efetivo ao mês: 1,13%
Valor em 14/10/1998: 1.16
Valor em 04/01/2017: 23,70
Período: 6.657 dias
Valorização: 1.943,10%
Taxa efetiva ao mês: 1,37%
CDI período: 1.118,35%
CDI efetivo ao mês: 1,13%
Valor em 14/10/1998: 1.86
Valor em 04/01/2017: 35,00
Período: 6.657 dias
Valorização: 1.781,72%
Taxa efetiva mês = 1,33%
CDI período: 1.118,35%
CDI efetivo ao mês: 1,13%
Fonte: Sicoob Secovicred MG

Já quem investiu em imóveis de maior liquidez e perspectiva de valorização como apartamentos de menor valor e terrenos, tiveram no mesmo período, uma taxa média de 2.300%, o que corresponde a uma taxa efetiva mensal de 1,44%.

Considerando que o CDI rendeu 1.118,35% no período ou 1,13% efetivos ao mês (média do período analisado), apenas algumas ações e sobretudo os imóveis, ganharam das aplicações em renda fixa. Veja o resumo dos resultados para quem investiu R$ 100 em outubro de 1998 em cada uma das modalidades:

Tipo de investimento Taxa no período  Valor investido
14/10/1998
 Resultado
04/01/2017
Aplicações a 100% do CDI  1.118,35%  R$ 100,00  R$ 1.218,35
Ibovespa 846,47%  R$ 100,00 R$ 946,47
Petrobrás PN  993,66%  R$ 100,00  R$ 1.093,66
Vale PNA  1.943,10%  R$ 100,00 R$ 2.043,10
Itaú PN  1.781,72% R$ 100,00  R$ 1.881,72
Imóveis(*)  2.300% R$ 100,00  R$ 2.400,00
(*) Média nacional para imóveis do tipo apartamentos até R$ 500 mil e terrenos urbanos.
Fonte: Netimóveis Brasil

É claro que, num período tão longo, é prudente ressalvar algumas considerações. Cabe lembrar que tanto as ações quanto os imóveis estão no seu pior momento, acumulando perdas desde 2012. Além disso, não foram considerados os proventos no caso das ações nem tampouco a possibilidade de operações realizadas em períodos de maior rentabilidade. O desempenho dos imóveis, num corte de curto prazo, teria possivelmente invertido a sua posição em relação às demais opções de investimento.

São todos esse pontos que trazem um cenário singular nesse momento. Considerando que a Selic assume uma trajetória de queda (após 4 anos de alta), que o ganho real da renda fixa por sua vez será reduzido e que os investidores migrarão em busca de opções mais rentáveis, o olhar para os mercados deprimidos parece bastante oportuno.

Nesse sentido, buscar diversificar os investimentos em renda variável e imóveis parece uma excelente estratégia patrimonial. Os preços estão convidativos e a cíclica desses mercados aponta claramente para uma nova onda de alta. Cabe grifar que os imóveis, sendo um ativo real, com extraordinário desempenho no longo prazo e com baixíssimo risco, tem todas a chances de liderar a preferencia dos investidores nesse momento.

 

Ariano Cavalcanti de Paula